1.1.04

1

Estado político: suave anarquia.
A WoB (War on Beauty) foi a segunda grande guerra ideológica da humanidade - ou do que veio depois dela. Como a primeira grande guerra ideológica da humanidade, não ousou chamar-se pelo próprio nome: na verdade, não era pelo padrão estético que se lutava. Era pela prevalência de tecnologias. Os seres seriam melhores quanto mais fossem parecidos com humanos (bípedes, cinco sentidos, dedos, consciência, essas coisas) ou quanto melhor se adaptassem a um ambiente (leia-se trabalho) específico? O que era ser melhor? (E justo quando você pensou que a metafísica tinha morrido...)
Chegou-se ao consenso quando todo mundo já tinha alguma tecnologia em seu corpo - nem que fosse orelhas melhores. Algumas consciências, por escolha própria, já não sentiam mais a pulsão ("primária", diriam) sexual. Dentre as que sentiam, por escolha própria ou por falta de divisa, ou era o humano representado por seu aspecto mais falho (celulites viraram uma tara e foram induzidas no genoma de novo) ou máquinas antinômicas.

20.12.03

2. Sibolete!

A história começa com Isabel Vinola baixando sua valise preta em seu compartimento. A seguir, ela passa as mãos pelos cabelos várias vezes para trás.
Viera de um lugar delicioso. As pessoas não se cotejavam para fazer coisa alguma, jamais se cumprimentavam, tampouco se olhavam; dir-se-ia (mesmo num futuro sem mesuras e mesóclises) até mesmo que se revezavam no sair à rua, para não se ofenderem com a presença mútua. Cada um cuidava da própria vida, sem se meter na dos outros.
Agora cá estava ela, Isabel Vinola, com as juntas frias e um nome nem um pouco melodioso. Ela teria que conviver com pessoas não-deliciosas por algum tempo.

10.12.03

3

Uma das 471 equipes de variados tamanhos que Torrid Inc. e Sidero VVA puseram em terras além-lua:
Isabel Vinola, engenheira corporativa
Michæl Nygaard, analista de sistemas 4
Delfina Dainesi (Ina), piloto


A missão era árida. Uma série de dados geológicos tinham que ser coletados, organizados e processados. Esta equipe era incumbida de fazer a supervisão e os relatórios sobre o trabalho das equipes geológicas II, que por sua vez interpretavam os dados "crus" coletados pelas equipes geológicas I. Espero que compreendam porque eu não vou me aprofundar no assunto.

30.11.03

4

Ina passou comendo um mango, despenteada como uma garota selvagem, empesteando tudo com o cheiro. Ficou esperando alguém perguntar onde tinha conseguido aquilo, mas ninguém perguntou. Ganhou só uns olhares de estranheza pela maneira como a fruta era chafurdada.

10.11.03

5

Nygaard, sobre as acomodações:
- Eu sei que tem câmeras. Se você quisesse se preocupar com isso, era só ter sido interessante nos três primeiros dias.
Essa frase foi destacada num importante sitio de o-view e deixou a audiência alta por quase três horas, quando perceberam que eles não eram interessantes mesmo.

20.10.03

6

O holovídeo circulava com o título de ‘babysonfire’. Abria em Puerto Gris: um garoto arremessado de uma nave caía no mar. Ele subia na baixa doca tossindo e corria tiritando para um canto escapando do vento e dos robôs-mineiros com carrinhos. Seco, circulava pelos departamentos de concreto falando com as câmeras. Circulava por cinco dias sem ver um ser humano até espatifar um bot de anúncio que lhe surgia no caminho e conseguir ser preso. Conseguia fugir, dessa vez para a parte alta. Alojava-se numa enorme mansão abandonada com os empregados dentro. Beliscava a bunda das robôs francesas com bandejas. Burlava a verificação e usava o sistema da casa como bem entendia. Começava a atender encomendas ilícitas.

Ina comoveu.
- É essa sua infância?
- Não - disse Nygaard - mas parece.

10.7.03

8

Ina para Isabel:
-Se fosses Isabella – I-sa-bel-la Vi-no-la… muito mais musical.
Para surpresa de Michæl, "Isabella" concorda com olhos úmidos, enormes.

30.6.03

9. O dia em que descobriram que o cabelo de Delphina era laranja (originalmente)

Nygaard estava entediado e puxou o cabelo dela.
Ina: Ay!
Sobrou um fio castanho em sua mão. Ele o acariciou pensando em guardar. Olhando melhor, viu uma breve ponta laranja terminando em bulbo.
Esperou Ina dormir. Vinola perguntou se era cafuné.
Nygaard: Hija de Puta.
Vinola: Quê?
Nygaard: HdP inc.
Vinola: Quê?
Nygaard: Ela é transgênica.

20.6.03

10. (a ex-celebridade instantânea)

Michæl e Isabel pesquisaram sobre Ina na rede e acharam o seguinte holovídeo:

Um excerto mostrava o scan cerebral de Ina durante a entrevista. Depois dissecavam suas emoções ao vivo. Do que ela tinha medo. Onde ela mentia. Porquê.
“Ela quer fazer rir; é frustração sexual!” “Não; é co-dependência!”. Na maioria das vezes os especialistas chegavam a um consenso; vez em quando, saíam no tapa.

10.6.03

11. me conta

Nygaard: Me conta.
Delphina: Você não ia entender. E eu não sei explicar.
Nygaard: Então me mostra.
Ina olha para o alto:
- Vou pensar.

30.5.03

12. história de Ina

Tinha a rica rebeliante, a Monica, e o dia em que ela subiu naquele prédio (ela queria a experiência mais que desconcertante) voltou desconcertada mesmo. O prédio enorme em que não se sabia o que se fazia era uma empresa, agia como uma – tinha “executivos” entrando e saindo, só que com um sorriso indecifrável na cara. De vez em quando escolhiam, via agência, pessoas da laia de Ina para entrar e a risonha Monica se ofereceu por frivolidade. Quando foi devolvida, dias depois, no estacionamento cimentado, estava recondicionada. Ela cobriu toda a extensão da pele de panos pretos, achando-se indecente, e selou o mundo lá fora. Seu pai fez um escândalo – contra Ina, que não protegeu sua protegée.

20.5.03

13. história de Ina - II

O que tinham feito a Monica foi entrelaçar suas percepções. Lasanha sabia a caldo verde, profiteroles a feijão em lata. Ela emagreceu muito ao substituir refeições inteiras por água de coco, que pelo menos sabia a água de coco (um leve sabor de ânsia de vômito depois de uma manhã de insolação).

11.5.03

14

De repente, Nygaard sente um golpe fundo no ânimo. Olha para a dona da mão que segura. Ina tá chorando. Incontrolavelmente.
- Não se concentra no que está fazendo – diz Nygaard secamente, desconectando e limpando suas lágrimas ao passar por Isabel.

30.4.03

15

Vinola: Estavam sim. Aquele dia que eu cheguei.
Nygaard: Era um share.
Vinola: Mentira. Estavam se esfregando.
Nygaard: Ela disse que não sabia falar sobre aquilo. Eu disse: mostra. E ela: mostrou.
Vinola: Será que ela me conta?
Nygaard: Conta. Contou pra mim. Aliás, se quiser...
Nygaard oferece a mão.

20.4.03

16

Isabel: E aí?
Nygaard: Aí o quê?
Isabel: Não vai começar a...
Isabel se cala, tendo olhado nos olhos pesados de Nygaard. Hesita, depois tira a mão da dele. Levanta e passa as mãos pelos cabelos.
Isabel: Melhor eu mesma perguntar a ela.
Nygaard: Você que sabe. Ela vai chorar. Se ficar a fim de consolar ela, não se acanhe. Não vou passar lá pelos próximos quinze minutos.

10.4.03

17

Três segundos foram o suficiente. Isabel parou de cabeça baixa e voltou. Empurrou Michael na cama e sentou em cima dele.
- Você vai ganhar isso pra parar de ser escroto.
- Oh, come on – respondeu ele, arretado.
Ela progrediu a partir dos reflexos que analisava, obedecendo etapas: a parte de cima dela, depois a dele, depois a parte de baixo dele, depois a dela. Depois saiu de cima, fresca, absolutamente inalterada, ajeitou a roupa e foi embora silente. Treinamento do exército. Ele ficou lá, deitado, pensando: que merda. Apalpou as têmporas. Continuava escroto. Tinha parado era com o romantismo.

20.3.03

18

Jack Jesus. Don’t let me be misunderstood.

19

“Acordada?”, perguntou Michæl a Ina.
Ina: “Sim”.
Michæl: “Eles fizeram um ótimo trabalho com a Vinola. Ela é tão desinteressada de tudo.”
Ina: “E daí?”
Michæl: “Esquece.”

10.3.03

20. enquanto isso em algum lugar

Estavam desesperados por causa de um comercial. Era assim:
“Símbolo de status, compre”. (E uma setinha.)
As reclamações chegavam às enxurradas, de todas as divisões. Era obviamente uma das malditas intervenções de Jack Jesus. E oh, quando iriam parar. Não que interferissem nas propagandas da própria Torrid: não, Jack Jesus era muito mais sofisticado do que isso. Suas intervenções apareciam como que sendo anúncios de uma empresa diferente, mas de conceito e identidade visual tão singulares e poderosos quanto os da Torrid. A tal empresa nunca era identificada – mas nem a Torrid, que capitaneava esta moda de “modéstia”, ou de “permanecer anônimo em sua singularidade”.
Em suma: as pessoas prestavam atenção naquele comercial infame. E prestando atenção naquele comercial, não veriam os da Torrid. Até porque aqueles, de forma subliminar, desconstruíam os da Torrid. Deus!

8.3.03

21. why Vinola can't read

Vinola com as mãos sobre o elivro - sempre as mãos, nunca os olhos. Ina acha que ela não sabe ler; Michæl confirma com a própria.
Vinola: "Ler é a mesma coisa, só que demorada."
Michæl: "As letrinhas na sua frente é diferente."
Michæl convoca Ina:
"Por favor, fala pra ela..."
Ina encolhe os ombros.

20.2.03

23

Foram para um hotel em Go-land.
Uma brisa artificial flutuava etereamente o cabelo de todo mundo, hesitando intensidade e rumo para maior efeito.
Não ficaram no distrito noturno, é claro. Ficaram na parte destinada a negócios, aguardando suas instruções. Porque ali não havia equipes geológicas a supervisionar. Claro, havia a divisa extra pingando em suas contas diariamente pelo fato de estarem deslocados de sua função primária, mas logo Michæl começou a desconfiar daquela súbita remoção. Fuçando aqui e ali, levantou a lebre: suspeitava-se da contaminação da intranet da Torrid pelo terrorista, o tal do Liquidator. Todas as equipes do leste tinham sido removidas e espalhadas. As não contaminadas, naturalmente.
- Quanto ao resto, deve estar todo mundo na salinha branca com o Kaapor. - disse Michæl, fazendo referência à lenda urbana mais popular sobre a Torrid.
- Isso não existe - disse Ina.
Michæl: Diz isso porque já foi formatada desde pequena.
Isabel: Ser criado por uma empresa significa que ela é sua família. Eu não falo contra minha família.
Michæl: Olha aí, já está repetindo slogans.
Ina: E contra ex-trabalhadoras da indústria do sexo, você também tem preconceito?
Michæl: Ina, não se mete. O que estou dizendo é que a Torrid só adotou órfãos de guerra por atacado pra descontar do imposto. Já é um motivo nada altruísta. Quem sabe o que não fizeram com as cabeças de vocês? Lavagem cerebral, hipnopedia, repetição de slogans, psicologia de seita...
Isabel: Um pouco de tudo. E comida, e roupa, e educação também. Até boas maneiras, coisa em que sinto forte deficiência de sua parte.
Ina (batendo palminhas): Uuuh!
Isabel: Sabe qual é o seu problema? Despeito. Não passou no teste da Torrid e te jogaram fora...
Michæl perde a fala por um momento. Fica olhando para Isabel, que lhe devolve um olhar duro e frio.
Michæl: Você está falando do teste de inteligência para avaliar as criancinhas mais dignas de ser salvas? E que quem não passasse nele era descartado? Jogado de volta na rua? Isso, sim, prova que a Torrid presta! E, sim, você deve ser muito especial: foi selecionada. Eu não, vai ver que eu não era uma criança muito proativa... ou então não demonstrava muita capacidade de esmagar os outros.
Ina olha para Isabel, que por sua vez olha para ele sem remorso algum. Ina fica com pena e toca no braço de Michæl, que se afasta com um repelão e sai da sala convivial.

10.2.03

24

Isabel Vinola nunca tinha visto nada parecido. Delphina Dainesi nunca tinha visto um lugar tão autenticamente antigo. Michæl foi o único que pôde fazer uma avaliação mais elaborada:

Dentro parecia uma época antiga. Parte do chão era vermelho e sem mesas, ao lado do piano.
Era uma pista de dança para pares.
A iluminação era desinteligente quando sentaram. A luz vinha do dia, do jardim. Havia um jardim.

A advogada foi direto ao assunto:
- Jack Jesus quer conhecê-los - gesto geral: Vocês todos.

Saíram da conversa com uma mídia VeriSim.

1.12.02

25. enquanto isso em algum lugar

Uma criatura longa pela mão leva a criança. Tem nove anos e é fêmea.
Quando param, soltam a mão. Começam a ver roupas.
Depois, mais mão dada.
Param de novo. Você quer um maiô? Quero.
Ele a solta para escolher.
Fica umas moças como moscas à volta dele. É que ele é magro, tem cabelos longos e pretos; cavanhaque fino e preto; está usando algo longo e supermacio. Ele fica olhando para o longe sem pose. É preocupação.

20.11.02

26. enquanto isso em algum (outro) lugar

Ao sair da sala de teletransporte, Landau olhou de relance suas retransmissões falhadas - uma pilha de pernas emboladas num canto, todas com as mesmas pantalonas laranjas. Aquilo sempre lhe parecia, e pareceria, um desperdício.

10.11.02

27. “Uma verdade que não foi construída por palavras não pode ser demovida por palavras.”

Relatório de Landau aos seus superiores:

Assisti o institucional. Péssimas notícias. Primeiro, as sinapses estão além de qualquer coisa que eu já tenha visto. O paraíso de Jack Jesus convence. Não é surpresa ele estar aliciando tantos seguidores. Segundo, ele não nos teme. Não teme, nem odeia. Ele vê a sociedade como um todo e não gosta do que vê. Ele não veio para nos redimir, mas para dissolver.
Senhores, esse homem tem visão.


- Uma visão – corrigiu-se a tempo.

25.9.02

29. sermão da montanha

Agora. Force suas convicções a mudarem agora. Esprema seu ego como uma espinha.
Você não fez, não foi? Pois bem, é isso mesmo. Mas fique atento para poder fazer isso, um dia, imediatamente, assim que solicitado. Vá servindo como o mais dedicado servo, não se recuse a participar. Quando eles estiverem mais precisando, recuse-se. Não aja como o amigo verdadeiro que você não é. Na hora crucial, seja ingrato. Tenha preguiça. Seja avaro. Vire as costas. Seja amigo-da-onça. Recuse dinheiro. Carregue uma cápsula de cianureto entre os dentes. Condene-se ao inferno. Destrua-se. Não se interesse fundamentalmente pelos “seus” interesses, eles não são mais seus, eles não são mais úteis, sobreviver não é útil. Hell, nem você é mais seu. Interesse-se fundamentalmente pelo passo adiante. Interesse-se pelos fins. A vida não é agora – então compre a crédito.

20.9.02

30

A iluminação de Michæl o tornou um chato. Ele decifrava códigos pela forma. Sem saber o idioma. Batia os olhos e reconhecia os temas. Ele via auras. Ele abria um elivro aleatoriamente, respirava fundo e enunciava:
- Menos preposições.
E fechava. Um dia, escreveu a um autor que lhe pedia conselho:
“Não dá pra escrever algo sem o ingrediente secreto e esperar que as pessoas não notem. Elas notam. Elas te dão uma chance, pois sabem que às vezes se precisa da divisa, mas você não pode esquecer da coisa uma segunda vez, é imperdoável. Nesse caso, comece a fazer contatos.”

10.9.02

31

Michæl lia um nouveau roman ambientado em Alfa de Centauro quando chegou um original não-solicitado. Chegavam sempre, mas este era de Oona Nani. Oona Nani estava mandando livros para ele. Oona Nani era importante.
She sells shells. Michæl sofreu um choque anafilático assim que leu o título. Foi encontrado no chão, tremendo.
Quando pôde falar, pediu para deletarem aquel’elivro das vistas dele. Precisava se recompor. Uau.
Isabel: Presepeiro.
Ina: Vai te catar.

1.9.02

32

A verdade é que as duas também estavam bem mudadas. Isabel agora saía para dançar toda noite pelas ruas de Go-land – se alguém lhe perguntasse, ela não sabia dizer onde ia. Parava aqui e ali e demonstrava um vigor e virtuosismo incrível. O que era aquilo? Era balé, jazz, dança do ventre, aikidô. Assim, se espalhava o rumor da garota loura que dançava como uma deusa – e de como os DJs, se os havia, ficavam putos com a rodinha embasbacada que se formava à volta dela. E de como alguns desapareciam após falar, ou tentar falar, com ela.
Já no quarto de Ina, a fila andava. Ninguém sabia o que acontecia ali dentro; mas as pessoas saíam dali curadas. De mazelas físicas, mentais e espirituais. Diziam que ela entendia e falava com bebês. Os bebês, que choravam alto, pelo menos antes de entrar naquele bendito quarto, forçavam Michæl a se fechar no compartimento de carga para continuar seu trabalho. Aliás, estavam todos trabalhando como nunca, mas nada muito relacionado com o bem da Sidero VVA nem da Torrid Inc.

10.6.01

34. uma casa muito engraçada/i don't feel like dancing

A boîte troa com a troca de emoticons and such – sendo esta toda a música que ocorre, ali desligaram o som há muito tempo.
Ali não se servia bebida alcoólica e ainda eram umas sete da noite. Ainda assim os tweens afluíam, dedilhando-se virtualmente em salas VeriSim. Você podia alugar uma cabine para sonhar acordado.
Foi uma longa batalha judicial para permitir aos menores de treze anos o acesso às tecnologias VeriSim; no final, o que os advogados conseguiram obter foi o ingresso dos tweens em ambientes zerados. Sem propaganda. Na verdade, sem móveis, sem teto, sem chão, sem nada. Uma casa muito engraçada. Estímulo da imaginação foi usado como desculpa, é claro.
- Há um nexo educacional em jogo....
Era do zero que os nerds criavam RPGs - de vampiros, de cavaleiros, de... Era do zero que os dândis criavam reinos com estatutos, títulos e comendas. Cosplayers criavam ambientes esdrúxulos, atochados de cores piscantes. Patricinhas se internavam em sororities e spas de luxo. E em todos eles rolava a maior sacanagem.
- Não, não, nós apenas fornecemos a tecnologia. Os pais devem ser capazes de... - etc. etc.
Com medo de perder a mamata, as companhias por trás da tecnologia financiaram as primeiras das boîtes onomatopaicas. As onno são cercadas de cuidados. Nenhum adulto ou coisa de adulto entra, sob nenhuma circunstância. Atendentes cibernéticos, todos. Suco de cereja no bar, um hit.
Portanto, tanto quanto se consegue perceber o que se passa no meio daquela cacofonia, o espanto é geral quando se materializam no lobby virtual três adultos usando o elegante uniforme marrom e vermelho da Wind.
As patricinhas mandam uma pledger se desconectar e ir ver o que está acontecendo; os dândis mandam um lacaio. O lacaio volta primeiro.
- Eles têm o corpo de um tween e a mente de um velho, Sir.

1.6.01

35. algo de podre na Cultura Torrid

Liquidados os ativos podres, a Torrid Inc. se reclinou na cadeira. "Muito bem", pensou, "agora foquemos no ponto que interessa".
Convocou uma reunião consigo mesma e foi logo ao assunto.
"Tem alguém contaminando a Cultura Torrid".
"Alguns de nossos ativos humanos têm parecido dispostos até mesmo a devolver seus livewares consignados para deixar a Torrid imediatamente. É preciso tapar este vazamento, porque além de tudo sua fonte parece contagiosa. O VeriSim contaminado começou a se alastrar nas colônias; de lá foi postado indevidamente na intranet e alguns ativos o presenciaram antes que ele fosse removido. Landau presenciou o VS em questão e, mesmo com bloqueador neural, ele quase cedeu. O crescimento só não tem sido exponencial por causa da contenção de danos. Mas é preciso descobrir a fonte antes que o prejuízo seja inominável. O Jurídico já está no pé da Sidero com uma petição de quebra parcial de sigilo da patente do VeriSim nos termos do acordo PoliTrust v.36.7c – tendo reportado uma desagradável falta de colaboracionismo".
"Oh, e Landau já está no caso".

25.5.01

36. seguindo formigas

Torrid idiota! esbravejou Landau mentalmente. Eliminou, com todos os empregados contaminados, todas as suas chances de chegar à raiz do problema. Teria sido tão fácil. Mas não: teve que solicitar autorização especial para contaminar mais um – um nutricionista, o menos qualificado do projeto mais insípido, o Quantic Mixer. Tomado de súbita epifania, o sujeito largou tudo o que estava fazendo, caminhou até o departamento de Ativos Humanos e mostrou-se firmemente indemovível da idéia de arrancar todos os seus implantes consignados ali mesmo, além de pagar uma multa de 2% sobre o valor total do contrato de seu projeto pela desistência sem justa causa e sem aviso prévio – o que significaria, na prática, dever até as pantalonas para o resto de sua vida. Landau só na escuta.

24.5.01

37. depto. jurídico

Após a morte de Mr. Flavius e Mrs. Tonia Geller na demonstração para acionistas do malfadado PortaFry, a Wind Co. foi transferida à única herdeira, Miss M&M Geller.
É neste ponto que o caso vira um imbróglio. Ms. M&M tinha 19 anos, era maior; porém, devido ao desregramento de suas faculdades mentais, tinha um tutor pré-nomeado – Mr. Jürgen T. Rex, que, descobriu-se depois, não passava de uma identidade ilegal criada a partir de retalhos semânticos – um destes modismos que terminam por desfalcar tantas famílias ("ao menos as famílias com má assessoria legal", acrescentou um júnior com um risinho). Sendo assim, o espólio seria redistribuído aos sócios da Wind Co. de forma ponderada e estava tudo encaminhado neste sentido, até que surgiu uma Ação de Reconsideração de Óbito de Ms. M&M Geller num foro colonial obscuro. Isso congelou o processo. A prerrogativa Guru Inc. vs. Down nos mostra que isto é perfeitamente possível – a consciência do acionista verificada como perfeitamente preservada em "meio criogênico, metamórfico, nanoeletrônico ou através de outra tecnologia que posteriormente venha a ser inventada", em momento anterior à sua morte, tem direito à mesma identidade post obitus falsificandi, e igual direito aos direitos da mesma.
O que é possível fazer de uma situação dessas? Não é óbvio, meus caros?
A doida não está sozinha.

23.5.01

38. cherchez la femme

Tudo pesava nos ombros de Landau. Tinha sido fácil até agora. O nutricionista demissionário correu para a Wind Co. e se ofereceu para a colônia de nome cafona, a única que a Wind possuía - sendo recebido de braços abertos. Não era difícil perceber a procedência do VeriSim contaminado. Havia era perguntas demais brotando a partir daquela descoberta.
A detentora da patente principal do VeriSim era a Sidero VVA. Como a insignificante Wind poderia ter dado tal salto tecnológico apoiada na tecnologia dos outros? Com a ajuda da Sidero, é claro... As duas, Wind e Sidero, tinham feito algum tipo de acordo com o objetivo de suplantar a Torrid Inc.
Então desenhou-se na cabeça de Landau um plano que jamais poderia ter vindo da cabeça de M&M, por mais curada que estivesse.
Talvez a misteriosa eminência parda por trás da Wind, a empresinha sempre metida em negócios ilícitos - como desbloqueio de dispositivos de segurança e vigilância - fosse o mentor de M&M. Fazia sentido. Com sua ajuda, M&M forjara a própria morte e depois zumbizara de volta através de alguma dentre as diversas formas que existiam. "Morta", M&M podia tratar do plano de desintegração da Torrid sem chamar a atenção.
Precisava encontrá-la e descobrir quem estava com ela.
Mas onde estaria M&M? Ela poderia ter assumido qualquer forma. Poderia estar num banco de dados, num lab criogênico ou em um molar oco...

22.5.01

39. roundup

- Papai, papai.
- Estou com minha filha aqui e ela está parecendo uma hippie.
- Estou feliz agora, papai.
- Fizeram uma lavagem cerebral na menina. Preciso do melhor desprogramador. O mais experiente. Isso, o tal do Juruá-Purus. O quê? Não quero saber, pago qualquer divisa, quero ele aqui agora.

A solução encontrada foi fazer uma espécie de acampamento de desprogramação. No meio da selva, o desprogramador Alfredo Kaapor, visivelmente nervoso, agrupava os tweens no centro da clareira. E alguém visivelmente nervoso no meio do mato sua que é um horror. Kaapor lamentou que seu refrigerador corporal estivesse no conserto e notou, não sem alguma preocupação, que aqueles pré-adolescentes mimados, a vida toda passada num casulo tecno-artificial, que provavelmente não sabiam nem o que era uma vaca, estavam completamente à vontade no meio da mata, não dando a mínima para os mosquitos.
Começou a ladainha do "eu quero ouvir vocês" com uma voz macia calculada.
"O que vocês têm a me dizer?"
"Eu sou um ouvinte..."
"Não estou aqui para ditar regras."
"Mas quero conhecer a história do encontro de vocês."
"O que vocês viram naquele lugar deve ter sido algo intenso e impressionante."
"A natureza disso me interessa, sou um pesquisador, me interesso por novas idéias e culturas."
Assustadoramente, os pirralhos auto-centrados não cederam à massagem no ego. Ninguém disse palavra. Apenas pararam de rir e o olharam, sérios. Uma das meninas mais loiras e lisas achegou-se a ele e estendeu-lhe uma mídia VeriSign.
- Ah... obrigado. - e agradeceu à maneira japonesa, que sabia que estava na moda.
E então ela disse:
- Vê aí.

20.5.01

40. enquanto isso em algum lugar

Nosso homem finalmente fez jus à divisa que acumula e nos deu uma informação que presta. Ao que parece, nosso "profeta" anda acompanhado por uma menina de nove anos, codinome M&M, que dizem ser sua amante. Acho que nosso Capone vai cair por pedofilia.

10.5.01

41. a garota que se apaixonou por um ângulo

Desde o dia em que M&M vira um senhor bigodudo apoiado no balcão de sua lojinha de tecidos inteligentes, suspiroso, com dois cotovelos gêmeos perfazendo 30o, jamais pôde esquecê-lo. O ângulo. Aferia-os com precisão desde que pusera um optímetro. E apaixonou-se pelo de trinta graus. Dava para entender, disse-lhe o estranho misterioso. Embrenhou por uma comprida explanação matemática, falando a M&M sobre as implicações de sua (dela) personalidade dividida, duas consciências, três personalidades, dois vezes trinta sessenta, três vezes trinta noventa, três vezes dois vezes trinta cento e oitenta. Nada disso a impressionou, tanto que nem lembrou de perguntar a ele como é que sabia de tudo isso sobre ela. Mas foi com ele quando ele pôs sua mão sobre o bar, muito casualmente. Era uma mão de seis dedos finos que dividiam o arco de 180o em cinco partes de 30º. "Eu tenho trinta e três dedos", acrescentou ele, "mas no dia-a-dia só uso doze". Ela não disse nada: pegou na sua mão e foi com ele.

5.5.01

42.

Alguns segundos depois de engatar-se na rede do visualizador VeriSim, o desprogramador do Juruá-Purus se viu no sopé de uma colina. Lentamente, com a alegria dos santos, seus clientes tweens caminhavam em direção ao topo. No topo, estava um ser magro, alto, com um longo capote e dezenas de dedos na ponta do braço, finos como raízes. Ao seu lado estava uma mulher pálida e magra de uns 30 anos.
Kaapor ligou a etiquetação. Sobre o cara de capote, apareceu a etiqueta “Jack Jesus”. Sobre a moça a seu lado, “M&M Geller”. Nisso, Kaapor ouve atrás de si:
- Pedófilo desgraçado! O que quer com nossos filhos?
Um pai engravatado, vermelho de raiva, surgia dos limites da pradaria sob a colina, liderando uma multidão de pais injuriados que corria tão bem quanto podia, ou seja, em câmera lenta.
A resposta de Jack Jesus foi sacudir as longas madeixas e dizer com uma voz que preenchia todos os espaços:
- Nunca ouviu falar em "vinde a mim as criancinhas", mente suja?

3.5.01

43. smart move!

Landau tinha visto o nutricionista demissionário correr para os pés de Jack Jesus e beijá-los. O terrorista fizera a pequena clone de M&M de mascote: estava a seu lado, esperando a idade legal para casar-se com ele, que assim obteria o controle sobre a Sidero VVA. O que significava que Jack Jesus era o verdadeiro controlador da Wind.
Landau bateu as fotos. A Torrid exibiu os fatos para os sócios minoritários da Sidero VVA, e estes sim os vazaram para a imprensa: logo as fotos de Jack Jesus, o verdadeiro controlador da Wind Co., finalmente descoberto, de mãos dadas com uma pequena clone de M&M, herdeira da Sidero, estavam em todos os sítios de escândalo.

1.5.01

44.

A Torrid estava satisfeitíssima com o resultado. Era melhor do que qualquer previsão. Nas malhas mais obscuras da rede, circulava até um VeriSim comprovando o envolvimento carnal da garotinha-clone e do terrorista.
Landau sentiu uma anomalia na rede. Muita gente fluindo para um determinado destino. Era uma outra manchete sobre celebridades:
"Ele me curou e estou de volta".
M&M Geller, a herdeira da Sidero VVA, reassumia seu posto publicamente.
Landau sentia o fluxo convergir para esta e outras milhares de manchetes similares, não só em sítios de celebridades como também de economia. Correu os olhos pelas palavras iniciais da entrevista com M&M:

- Então você não morreu? Onde esteve esses anos todos?
- Não, eu morri, sim! Mas como disse em meu comunicado, este homem faz milagres. Fui ressuscitada e curada por ele. Agora tenho apenas nove anos neste corpo, mas minha idade legal é de 29 anos. E, sendo esta minha auto-imagem mental, é assim que apareço no VeriSim.

Como era de hábito nos comunicados da Sidero, como forma de valorizar a própria tecnologia, M&M não disponibilizara um holovídeo para anunciar pessoalmente a sua volta, mas um VeriSim. No final da manchete, o link anunciava: quer ver para crer? Acesse o VeriSim de M&M.
E, claro, cada manchete replicada replicava também o comunicado VeriSim de M&M no final.
Foi aí que Landau compreendeu tudo. Tomou uma rápida decisão. Desligou o inibidor neural e clicou no link para o "comunicado" de M&M.

1.4.01

45.

Atrás dos pais indignados, Kaapor viu surgir outras pessoas indignadas, e atrás destes outras pessoas, e mais pessoas, e mais pessoas - algumas felizes, algumas não sabendo onde estavam - até que o prado contivesse uma multidão incontável. Por algum motivo, as pessoas adultas que chegavam ao sopé não conseguiam subir a colina.
Jack Jesus anunciou que já estava bom. E convocou:
- Vamos, crianças, me dêem uma ajuda.
As crianças (e alguns poucos adultos que conseguiram chegar à colina) fecharam os olhos e se concentraram. Os dedos de Jack Jesus se encompridaram e se enfiaram pela terra.
E nas mãos de cada pessoa que estava naquele campo, inusitadamente, surgiu um copo d'água.

10.1.01

46. Liquidador da Sociedade

Eu vim para fazer vocês escreverem muito, muitíssimo, e não necessariamente sobre mim. No princípio era o quê? O Verbo. Fi-los falarem o quê? Línguas. E mandei todos espalharem o quê? A Palavra. Os monges copiam por mim. Na invenção da imprensa, não se esqueçam, o livro era sobre mim. Alguns séculos depois, vem um, digitaliza tudo e todos passam a escrever para o inimigo. Que ótimo. Tudo se espalha e nada se concentra; e, pior, ninguém escreve nada que preste.
Mas não temais; voltei para liquidar com isso. Aliás, me chamem Liquidator. Bebam o copodágua e livrai-vos deste fardo. Desta faca de dois gumes. Venham comigo. Tenho algo maior. Bebam o copodágua.

1.1.01

47.

E então ele pronunciou A Palavra. Tudo o que posso dizer é que começava com xcschaval e ia aumentando etérea e terminava em frica-frica-fricativas. E já nesse final toda a gente fremia tudo bonitinho e juntinho.

1.12.00

48. uma gota no oceano

despejados e despejantes, unos e tantos, se esparramando por tudo, livres dos velhos contêineres, os sentidos se encontram, se misturam e se deixam para lá. Uma homogeneidade flutuante e suas convecções, não mais convicções, ah, tudo é vida agora, tremulante, circulante, circundante, transbordante e quietinho de novo. Tremulante, transbordante e quietinho de novo. De novo. De

22.6.99

a)

Não é lenda, não, não. Não tudo. Que os japoneses colocaram um reator nuclear no lugar do coração dela, é verdade. Ela ganhou o nome de Da-n-ge-ro-su Ha-a-to (ダンゲロス ハート) que acho que era como eles pronunciavam Dangerous Heart. Pois Dani foi só a primeira; depois teve a dois e a três, todas brasileiras de olhos grandes e boca carnuda. Agora, dizia-se que o reator da primeira Dani tinha uma falha. Que se fizessem a menina ter um orgasmo forte o suficiente, ia rolar um meltdown. Que sucesso ela fazia no mercado negro, né? Lá iam os clientes fazer a Dani gozar que nem louca. Nem parecia que eles é que estavam pagando. Idiota, pois se conseguissem iam morrer, mas acho que esse era o tesão da coisa. Isso era mito. Tenho pra mim que essa história veio dos próprios donos dela para valorizar a mercadoria.
Pois um dia a Dani soube disso. Primeiro, ficou arrasada. Achava que era a mais procurada das três porque era a mais bonita ou a mais atraente ou a melhor na cama. Depois, começou a ter medo de que fosse verdade. No fim das contas, acabou se oferecendo para outra experiência que andavam querendo fazer e no fim ela teria um coração de tecidos animais. Já tinha sido cobaia antes, deu certo, não tinha problema ser de novo, né? Errado. Morreu.

b) Professional dreamers:

O VeriSim foi inicialmente empregado em jogos como Destroyer e Reality (no qual quem morresse de bruços podia testemunhar, enquanto flutuava para longe, os olhares lânguidos do assassino, que baixava as calças do avatar e cuspia, desafivelando-se). Logo as primeiras companhias começaram a notar o potencial do VS para seus institucionais. No início era simples: setor de crianças, mulheres e masculino, todos desfilando numa passarela ideal. Então, um visionário anônimo teve a grande idéia (e a capacidade mental para projetá-la devidamente) de oferecer um coquetel no final do desfile.
“Hmm. E este roxo é de quê?”
“Guarajela.”
“Com licença.”
Acrescentado um toilette (nem todos os sabores azuis e roxos, óbvio código para “não existe na natureza”, agradavam sempre a todos), os coquetéis foram um retumbante sucesso. Não demorou nada até que conseguissem adicionar perfumes e algumas formas de tato, como vento de variadas intensidades. Mestre Ishii Tooru era capaz de fazer com que fragrâncias fossem trazidas pelo vento diretamente aos narizes - e deixar o freguês procurando pela fonte daquele odor por entre o bosque fechado e frio.
É, porém, a dona Berenice dos Santos (a.k.a. Nice da Feijoada) a quem mais devemos a atual perfeição do VS. Contratada pelo cheirinho apurado de sua imaginação de cozinheira, pediu timidamente certo dia para participar da mentalização de movimentos. Assim, timidamente, ela introduziu o vôo, o teletransporte e milhares de outros transportes, inclusive os impossíveis, além de aperfeiçoar o gosto do chocolate quente que nunca ultrapassara o passável.
A tendência atual era mesclar locomoção variada a emoções fortes. Sólidas paredes a atravessar e tempestades de areia se aproximando eram prelúdio à apresentação dos produtos. O cliente se tornava especialmente receptivo.

26.5.99

c) Diretrizes

-- O time da Torrid Inc.

Isabel Vinola

Adotada pela Torrid Inc., foi criada nas instalações de RH para ser engenheira corporativa. E é.

Michæl Nygaard

Órfão sem tutor, teve oportunidade de ver o melhor e o pior do mundo. Depois de muitas peripécias e estripulias, ele sossegou. Hoje, ele mexe nos botões.

Delphina Dainesi (Ina)

Este clone melhorado da 'Dangerous Heart' trocara de nome e renunciara à profissão antiga depois de um evento trágico. Fez implantes de know-how e começou vida nova como piloto da Sidero VVA.

-- Outras pessoas:

M&M Geller

Filha dos donos da Sidero VVA, tem um quadro grave de esquizofrenia. Seu tutor legal era um esquema de softwares que, mais tarde, foi declarado incapaz. Foi presumida morta. Mas reaparece viva e, com um misterioso tutor, dá entrada no processo para recuperar sua participação majoritária na empresa de seus pais.

Landau


Espião que trabalha para a Torrid Inc. Não possui licença para matar, mas possui uma para se teletransportar.

Jack Jesus

Jack Jesus é o auto-intitulado Liquidator ("O liquidante da sociedade"). Porque não está mais dando certo (também segundo o próprio). Um terrorista irresponsável? Um niilista brilhante? Ou ainda outra coisa? Só lendo para decidir.

Alfredo Kaapor

Desprogramador profissional e descendente de xamã. É o melhor na sua profissão. Vive em sua reserva com todo o conforto que o dinheiro pode comprar.

Monica

Filha de ricos libertina que alugou uma "experiência" como trabalhadora de sexo. Dani (hoje Delphina Dainesi) era sua protetora. O caso acabou mal.


-- Entidades corporativas:


Torrid Inc.
Especialista em sistemas virtuais, computadores, a informação, Apple + Google, enfim.
Odeia o próprio nome, mas too late for change, então finge que se orgulha. A companhia nasceu para ser grande, não foi uma coincidência, o problema foi que contrataram marqueteiros “ousados” demais no começo.

Sidero VVA
Transportes (inclusive o teletransporte, restrito a usos muito específicos) e, parcialmente, engenharia genética. É atualmente gerida por uma junta depois que, há dez anos, sua herdeira, M&M Geller, foi alienada de seus bens por ser uma alienada – e pouco depois disso, faleceu em circunstâncias até hoje não explicadas (presume-se suicídio).

Wind Co.
A menor das três. Trabalha principalmente com pesquisa genética, e, dizem, atende a muitos interesses escusos. Slogan: go figure the future (vá entender o futuro).

Pelo volume de recursos que movimentam, estas são as entidades conhecidas como a Grande Tríade. Têm entre si convênios e acordos de cooperação em algumas áreas.