22.6.99

b) Professional dreamers:

O VeriSim foi inicialmente empregado em jogos como Destroyer e Reality (no qual quem morresse de bruços podia testemunhar, enquanto flutuava para longe, os olhares lânguidos do assassino, que baixava as calças do avatar e cuspia, desafivelando-se). Logo as primeiras companhias começaram a notar o potencial do VS para seus institucionais. No início era simples: setor de crianças, mulheres e masculino, todos desfilando numa passarela ideal. Então, um visionário anônimo teve a grande idéia (e a capacidade mental para projetá-la devidamente) de oferecer um coquetel no final do desfile.
“Hmm. E este roxo é de quê?”
“Guarajela.”
“Com licença.”
Acrescentado um toilette (nem todos os sabores azuis e roxos, óbvio código para “não existe na natureza”, agradavam sempre a todos), os coquetéis foram um retumbante sucesso. Não demorou nada até que conseguissem adicionar perfumes e algumas formas de tato, como vento de variadas intensidades. Mestre Ishii Tooru era capaz de fazer com que fragrâncias fossem trazidas pelo vento diretamente aos narizes - e deixar o freguês procurando pela fonte daquele odor por entre o bosque fechado e frio.
É, porém, a dona Berenice dos Santos (a.k.a. Nice da Feijoada) a quem mais devemos a atual perfeição do VS. Contratada pelo cheirinho apurado de sua imaginação de cozinheira, pediu timidamente certo dia para participar da mentalização de movimentos. Assim, timidamente, ela introduziu o vôo, o teletransporte e milhares de outros transportes, inclusive os impossíveis, além de aperfeiçoar o gosto do chocolate quente que nunca ultrapassara o passável.
A tendência atual era mesclar locomoção variada a emoções fortes. Sólidas paredes a atravessar e tempestades de areia se aproximando eram prelúdio à apresentação dos produtos. O cliente se tornava especialmente receptivo.

Nenhum comentário: